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Foto do escritorMariana Rosa

Mudar a escola, e não mudar de escola!

Se é pelo direito de escolha, precisamos defender o investimento robusto e contínuo na escola pública, gratuita, laica e de qualidade.

Cadeiras em uma sala de aula lado a lado, formando um semicírculo com uma cadeira de rodas entre elas.
Imagem de domínio público

Há sete anos, eu começava a busca por uma escola para minha filha. Foram seis negativas naquela época. Seis! Embora eu tenha sentido tristeza, sabia que a minha reivindicação era justa e encontrava respaldo na Lei Brasileira de Inclusão. Errados eram eles, os que me negavam matrícula, e isso me encorajou. Com o tempo conheci os caminhos da defensoria pública e do ministério público, mas também passei a me dedicar ao estudo e à pesquisa sobre educação inclusiva, a me colocar ao lado das escolas na busca por uma educação para todos.


A presença de minha filha na escola regular é indesejada porque escancara um sistema educacional que precisa passar por profunda mudança.

Minha filha tem o que consideram uma deficiência grave. Ela não anda, não fala, tem baixa visão, tem disfagia, precisa de apoio e mediação para todas as atividades cotidianas, tem epilepsia. Sabe por que a deficiência, no caso dela, é grave? Por que o mundo em que vivemos não aprendeu a perceber uma criança como ela como uma vida que valha a pena, como alguém capaz de aprender. Então, não pensam espaços, cuidados, tecnologias e currículos que possam considerá-la. É aí que mora a grave deficiência: no encontro dela com um mundo que não a reconhece.


A crença de que crianças como minha filha não se beneficiam da escola regular significa responsabilizá-las por um problema que é do repertório pequeno a partir do qual tem se pensado a Educação. Mais ainda, ensina aos demais estudantes que é razoável etiquetar e hierarquizar pessoas – essa fica nesta escola, essa tem que ir pra outra, essa nunca vai aprender.


A presença de minha filha na escola regular é indesejada porque escancara um sistema educacional que precisa passar por profunda mudança. O caminho está apontado na legislação vigente, basta compromisso em implementá-lo. Se o decreto 10.502, que retoma a opção das escolas especiais, for levado adiante, estarão colocando nas costas de minha filha a ineficiência dos entes públicos em criar condições para que as escolas regulares possam ser um lugar que ensina a todos. Essa conta não é dela. Se é pelo direito de escolha, precisamos defender o investimento robusto e contínuo na escola pública, gratuita, laica e de qualidade. É só aí que poderemos bater em qualquer porta de escola regular e dizer: oi, minha filha agora vai estudar aqui.

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